Parece que o pior da crise, pelo menos, no Brasil, já passou. Mas o que as empresas brasileiras aprenderam com a turbulência? Sobretudo aquelas que foram mais castigadas?
Hoje almocei com o executivo Marcelo Milliet, gestor interino do plano de recuperação da Cia. Albertina. No início deste ano, a Albertina entrou com um pedido de recuperação judicial, inaugurando um movimento que depois seria feito por diversas outras usinas brasileiras de açúcar e álcool. Pressionadas por uma combinação de falta de crédito, alta alavancagem financeira e queda no preço das commodities, essas usinas se viram subitamente sem capital de giro. A Albertina, por exemplo, teve que suspender totalmente suas operações -- não tinha dinheiro nem para pagar o fornecedor responsável pela alimentação dos seus 1700 funcionários.
Nas últimas semanas, a empresa conseguiu fechar o acordo com seus credores e, com isso, retomou a operação. De modo mais tímido, é verdade. A moagem que a empresa fará na próxima safra será cerca de 30% menor que a da safra anterior.
Mas voltando à pergunta que começa esse post, o que será que a Albertina aprendeu com essa tremenda saia justa (uma situação que, embora hoje mais cômoda, ainda não está 100% resolvida)? Milliet me disse que os principais aprendizados foram dois. O primeiro, evitar uma alavancagem excessiva, apoiada na crença de que o crédito nunca vai secar (como ficou provado, o crédito seca, sim). A segunda, ter também terras próprias para o cultivo de cana. Hoje, toda a cana moída pela usina é comprada de terceiros o que deixa a empresa numa posição vulnerável quando há problema de fluxo de caixa.
Será que a empresa onde você trabalha aprendeu algo com a crise? Que tipo de mudança foi feita na hora do aperto e que deve perdurar mesmo com um cenário mais favorável?